Habitación 909

Eu vou guardar como uma lembrança teimosa, daquelas que a gente quer que vá embora, mas se for, ficaremos tão tristes. Eu vou guardar apertado, sem me importar que sangre. Porque já sangra. Talvez seja tudo isso só porque nunca mais vai haver mais nada. E nem há. Aliás, nunca foi...

Foi. Por uma noite, mas foi. Ai, nem sei. Eu até queria que fosse. Mas enfim... não é. Ah, me perco nos verbos, nos modos, nos tempos. Já nem sei que dia que é, nem sei direito que dia foi. Será que algum dia vai ser de novo? Enfim... O passado é o passado e eu não quero que nada disso se confunda com o presente. Credo. Agora eu tô meio sem graça, com preguiça, sem criatividade, um chulé, que saco. Mas o tempo muda. E com o resto não se preocupa, meu bem, que dele eu já sei o suficiente. Aliás, não quero saber de mais nada, ok? O resto é o resto e não é que dói, mas é que de você eu já tenho bem muito aqui nesse espaço. E eu sou pequena.
(ainda assim, guardo os cabelos, os olhos, a voz, a música, a pele, o pelo, a boca, o beijo, o abraço, o cheiro, o toque, o gosto e o coração brilhante que você me deu. espero que guarde também e não jogue fora, como jogou levianamente as suas juras pelo final da noite. se cuida, meu querido. Seja feliz.)